domingo, 7 de dezembro de 2014

Comer com os olhos e sonhar pedindo bis

A parte que me coube nesse latifúndio foi providenciar chita
para a mesa e dar a pista: é da roça e "bãodimais sô"
Ganache, rapadura, torta de legumes, focaccia doce para partir com as mãos, caixinhas de bolos ingleses cuidadosamente preparados, iogurte com cerejas, milho, doce de leite, queijadinha... Por meses minhas aulas de canto em trio foram temperadas com sonhos gastronômicos assim: amassados, acompanhados e reiventados pela musicista, culinarista mineira que trem bão sô, fessora e aspirante a marqueteira em forno da Marina De Castro Assis.
É, eu falaria das minhas criações aqui. Mas estou abrindo a guarda para quem faz mais e
Minha paixão dos olhos d´água também quis se deliciar
melhor que eu. As minhas eu me delicio, mas fico sem graça de oferecer: a apresentação não ajuda, a textura às vezes não colabora e como diria meu pai, tem mais tempero do que comida no que preparo. Entonces, dei uma retraidazinha por sem gracice e ensaio de deprê mesmo. Mas uma paixonite que está por vir pode estimular meu avental e mãozinhas a aprontar de novo - aguardem!
Eu e o ex estudante da Marina estimulamos tanto que ela cozinhasse, que perdemos a profe: o apartamento dela agora é a casa da vizinha que vendia chup chup lembra? Passo tardes lá e ouço os do andar de cima ou de baixo retirarem encomendas e na Internet os do prêdio á frente e de trás se estapeiam virtualmente pelas criações recém fotografadas ainda cherando quente.
A amiga e gourmet super caseira tem razão: cozinhar é o exercício do afeto recriado, fermentado e partilhado. Os amigos e parentes ontem ameaçaram ligar para a pizzaria ou - credo em Deus - ao Habib´s com o suspense do que estava por vir. Só que quando a quituteira de Santo André botou o pé em casa... Só dava gente comendo e rezando, comendo de joelhos, comendo e gemendo. A família não me aceitará no fim do ano sem repeteco. Eu estou com medo de voltar à cozinha encontrar rastros das delícias e por a perder a intenção velha de guerra "gostosa ano que vem... Só que não"!
Brigadeiro de mel, tâmaras e damascos nas focaccias, alecrim na torta aerada vegetariana... Pergunta quem reclamou de falta de carne no cardápio! É ruim heim? Só dava o povão repetindo, lambendo os lábios e dedos. Já ganhou um presente assim, para a posteridade dos sentidos gustativos? Dá até vergonha de voltar ao meu laboratório natureba terapêutico. Queria estar mais perto, acertar a mão na massa, descer com presentinhos de fumacinha avisando o capricho, agradecer massageando, trocando versos, crônicas ou historinhas... Que mineiro quando põe no forno é para roubar a cena uai!

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Escapadas naturebas pela cidade

A ideia desse blog era falar sobre MINHAS façanhas culinárias. Elas levaram mais de 30 anos para acontecer e até hoje tem quem não acredita que esteja aprontando minhas "petulâncias gastronômicas". Foi tanto tempo ouvindo da minha mãe para não chegar perto do fogão, que bem, levei mais a sério do que deveria. Também ia enterrar o Semi Vegana, pois ando "filando boia na mãe "para dar mais tempo de procurar free lancer. Só que esta semana resolvi voltar aqui por ter experimentado uma sobremesa orgástica no Makis de São Caetano. Sei que não valia falar da comida fora da minha cozinha, mas bem, essa realmente vale a contravenção dos "princípios blogueiros editoriais" desta página.
Para começo de conversa fui lá tentada por outro blog, o Luz no Fim do Túnel, que falou num suco com uvas da marca Bombom, mas claro que não encontrei. De qualquer forma, no Makis de São
Caetano me deliciei com os temakis de sempre e lá para as tantas, "enfiei o pé na jaca" e pedi esta espécie de sushi com marshmellow de chocolate preto e morango. O negócio era tão absurdo que fez aquele silêncio na mesa, até que tirei um sarro como quem "comeu palhacitos":
- Caramba, não preciso mais fazer amor hoje.
- Não te trago mais aqui. - brincou o namorado.
Que bom que ele tem senso de humor. A "lombriga" agora é voltar e comer o de chocolate branco, que tinha acabado sábado. E olha que geralmente nem ligo para marshmellow!
Esta semana comprei várias delicinhas naturebas orientais na loja ao lado do meu médico que fica na Santa Cruz e matei a vontade do tal suco Bombom com uvas. É um sonho mesmo. A latinha fica até pesadinha. E a gente com água na boca.
Para completar, antes de dar aula no começo da semana comi graviola com manga no Tigela, também na Vila Mariana. Amodorei, pena que sempre que como qualquer coisa muito gelada, a sinusite doi. Daí tento equilibrar com água morna, mas nem sempre funciona. A pergunta que não quer calar é: onde encontrar pasta de graviola para fazer isso em casa?
Para não dizerem que só como em lugar "meio chiquetoso", matei as saudades do açaí de São João Clímaco - esse não tem link, é periférico mesmo. Cada vez que subo no "centrinho" do bairro paro em um dos carrinhos que vendem. Estes dias curti comê-lo com paçoca desidratada. Continuo não me conformando com quem põe M&M, leites condensado ou em pó. O bicho já é doce o suficiente! Quem quiser conhecer este escreve para combinarmos uma visita "na minha quebrada". Para os que gostam de caçar delícias escondidas na cidade, esta foi experimentada na Estrada das Lágrimas, na frente do Bradesco, em frente ao Heliópolis.
Amanhã é dia de voltar à zona cerealista e parar de comer doce natureba, pois hoje foi a tarde e noite com bolo integral de cenoura, manju... Não tem jeito, vou postando por aqui "de quando em vez". Ah, ainda não cozinhei para o bonito que me levou ao japa no final de semana. Ele já reprovou a geleia diet de jabuticaba lá da Avenida Mercúrio. Será um desafio e tanto! Aguardem cenas dos próximos capítulos...

sábado, 13 de setembro de 2014

As últimas artes...

Devo confessar que não estou conseguindo inventar muito. Fiz uma sobremesa de creme de cupuaçu com leite de soja condensado pros amigos, mas quando fui servir, paft! Lá se foi o doce e o pote de cerâmica que minha tia paranaense me deu. A amiga diarista tinha provado e aprovado, a mãe cismou que o cupuaçu é forte demais e o que ficou do outro pote pras visitas, já tinha consistência de suco. Conclusão: paramos neste dia na creperia do bairro pra terminar o domingo comendo e gemendo. Só sei que Nutella com uva é orgástico! Eu queria fazer isso vegano, mas nunca mais achei na zona cerealista o creme de avelã com cacau, sem o diacho do leite.
Fiz um creme de abóbora cozida com leite de soja que imita o creme de leite, dei uma temperada mais leve pq estava na mãe e o controle de qualidade mega rigoroso do meu pai aprovou. Aleluia! Até hoje estou pondo pasta diferente no pão. É uma tentativa vegana de recriar a receita veludo de cenoura que comi no restaurante do quartel em que servi nos últimos 4 meses e acho que milagrosamente fui feliz na mistureba...
Semana passada li que cozinhar é uma forma de amar e não um serviço e resolvi no meio da semana correndo atrás de trabalho me querer bem: fiz arroz integral com azeitona verde, cuscuz com azeitona preta, feijão azuki com tomate e todos com muito tempero pq estava na festa das ervas da minha cozinha, além de acabar o Madiokeijo o colocando em todos. Gostei: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=835929936430785&set=a.521746834515765.123969.100000413605623&type=1&theater. Mas
deixei a cozinha uma várzea pq tinha que ir ao hospital contar história depois, então varri e passei pano no dia seguinte, mas o espaço ainda se ressente da minha amiga diarista pq sou distraída e nó cega vassourando o apê, só aguento um cômodo por dia e olhe lá.
Hoje fizemos creme de cebola e bacalhoada (veganos, não mordam, tive gerência zero sobre o cardápio) pro aniversário duplo da madrinha-tia e mãe na "cidade sorriso" amanhã. Vai ser uma "overdose da parentada", mas bem, no fim das contas, são eles que mais me aguentam e sou grata pelos apoios quando entrei na faca na marra ou fiquei zoada umas...sete vezes. Todos que nos amamos e temos dificuldades no convívio devíamos cozinhar mais, Não à toa tantos filmes põem sentimentos e cozinha no roteiro. Cai tão bem! Apazigua dores, reforça laços, estimula desabafos e generosidades. Fiquei com saudade de cozinhar com amigos e vontade de experimentar com outros que amo e ainda não fiz.
Este blog é o primeiro dos quatro que tento administrar há milênios e - tadinho - está por um fio. Não tenho conseguido me amar o bastante pra cozinhar sempre, ou me cobro demais procurando trampo e vivo comendo coisa "pré feita" ou aceito comidinha nos conhecidos, mas acho que o Semi Vegana não está decolando. Também faço um "porrilhão" de coisas pra daí uma ficar boa e eu ter ânimo de postar. Sei lá. Acho que estou precisando de alguém pra servir periodicamente. Rs

sábado, 30 de agosto de 2014

Na noite em que aprendi a comer tarê

Há anos um colega com quem compartilho idas e vindas no exercício da dilatação e reajuste dos limites de nossa amizade multicor me levou em algum daqueles mágicos restaurantes japoneses da Liberdade. É um ambiente perfeito para confissões, descobertas e claro, experimentação e ampliação das "sabores paixões de nossas vidas". Era uma época boa para fazer isso: ainda era uma apaixonada por sushis, sashimis (hoje sou vegetariana do tipo "até peixe"!), regávamos confissões a sakê (hoje meus sobe e desces emocionais não me permitem beber mais) e naquele clima intimista de mesinha oriental, luzes baixas, íamos revelando amores incofessos antes mesmo que abríssemos a boca. Já era "fanzaça" do shoyo, mas foi este meu amigo, que desconfio ter olhinhos puxados de ascendência italiana, que me fez cair de amores pelo molho tarê. Devia estar naquela fase em que falar da comunicação me dava vontade de bancar a bulímica e ir "devolver pra natureza" no banheiro. Não lembro com quem exatamente estudava ou ensaiava qualquer montagem teatral, mas ele captou:
- Quando você fala do teatro, seus olhos brilham!
Outros tantos devem ter dito isso, antes e depois da noite em que aprendi a comer tarê, mas a percepção marcante é aquela ligada ao sabor que nos remete a um dos "amores iô iô" que já tínhamos liberdade para dizer nas entrelinhas:
- Desapega do jornalismo que dinheiro não é tudo nesta vida.
Não fiz como a amiga de "contação" de histórias, que ao ouvir constatação semelhante ainda era estagiária de publicidade, largou os anúncios e correu para os ensaios. Eu realmente me dividia entre a paixão bandida de apurar, escrever, entrevistar, levantar fonte, pesquisar dados complementares, ouvir quem entendia ou gostava demais de qualquer assunto e me fazia interessar junto, montar o "Frankestein do texto informativo", pesquisar ou pedir foto, cobrir evento e... virar um texto ficticio do avesso, testar marcações, experimentar luzes, propor músicas, emprestar ou produzir figurinos, amarrar esquetes de um tema eleito pelo grupo (alguma coisa me diz, que na época, era Nelson Rodrigues com a direção da Cristina Mutarelli no Teatro Augusta), ter frio na barriga, não enxergar na coxia, me por no lugar do personagem... Foram amores que andaram por muito tempo juntos. Dezoito anos, pra ser mais precisa. A ponto de adoecer se me afastasse de um ou abandonasse o outro temporariamente.
Há quatro meses e meio estou mergulhada até os fios de cabelo na educação e "contação" de histórias. Almoço, janto e durmo com isso, leio no ônibus, falo no metrô, pesquiso nas horas vagas. Não tive essa "sangria desatada" com o jornalismo, de chegar ao batente já com as manchetes lidas e acompanhar rádio fora do trabalho. Esses são meus colegas do Face, "jornalêros até a medula". Porém, como uma amiga da "Casseta Mercantil", repórter desde menina, na infância apontava o prédio da Abril, na Marginal Tietê e dizia que trabalharia lá. Quando questionavam o que fariam, afirmava que escreveria na revista. Ainda não sabia como chamava e nem o quanto me detonaria o sono, estômago... Se bem que puxando pela memória, também escrevi uma peça no 4o ano, sem nunca ter visto uma e atuei: me lembro de nascer como uma semente num palcozinho da escola Adventista, em que no geral só cantávamos música religiosa.
Por que estas memórias em pleno sábado à noite? É que comi num japonês na Santa Cecília hoje. E amanhã me formo pela Associação Viva e Deixe Viver, para contar histórias em hospital. Uma paixonite que descobri na unha. E também porque depois de tanta canseira pra cozinhar, tenho é que associar as descobertas mais significativas da vida à cozinha.... E pra não dizer que este post enganou-se de editoria: ontem fiz um doce que amo e não tem lactose: aê milagre! Bato polpa de cupuaçu com o condensado de soja, que imita mais o doce de leite e fica bem equilibradinho: nem tanto lá, nem tanto cá. Aliás, licença de me deliciar com ele sem cólica intestinal depois. Servidos?

domingo, 8 de junho de 2014

Panquecas terapêuticas

Fizemos panquecas semi veganas (fiz concessões ao leite e queijo, por querer mais aproximação culinária que atritos ideológicos com a mamma). Cheguei cansadíssima desse programinha de índio que ela adora: o inferno dos consumistas famintos chamado shopping. Passei o dia dizendo que queria fazer panqueca, que não queria comer mais bobajitos pela rua, até pq na padoca em frente ao trabalho tem um 3a idade sem senso de noção que resolveu brincar que ainda dá no couro pra cima de mim, que finjo demência. Ela foi fazendo a massa com metade leite, metade água de coco, ovo, um pouco de sal, outra pitada de fermento, metade farinha comum, metade integral. Fiz o recheio de palmito, azeitona, tomate, champignhon, cenoura, shoyo e orégano. Por alguma dessas razões que só a alquimia de ingredientes explica chiei que ela sempre fala da maternidade como se fosse meus  mais preocupação que alegria "blá blá blá Whiskas Sachê". Ela retomou o que ouço há 35 anos, não que eu tenha dado preocupação, mas operar meus olhos quando bebê, ela achava que ia ficar cega, por isso a recorrente percepção/ conselho: "não tenham filhos pq é uma preocupação muito grande pro resto da vida". Mais ou menos como meu irmão acha que não dá pra ter filho pq se abre a mão da vida. Não por acaso ambos são virginianos. Parecia aquelas cenas em que as reconciliações e confissões saem na cozinha, entre uma mistureba de receita, adaptação, corte e forno. Ela disse que sou caprichosinha pra cortar queijo e dar uma enfeitada como minha madrinha. Falei que queria que ela falasse da filha (no caso,yo) como se fosse esse amor incondicional, essa entrega, essa comunhão e não essas noites sem sono, esses quatro meses sem dormir. Não sei como se deu o milagre deu perceber que quero dela o que não pode me dar: que veja as coisas com mais leveza. Meu amigo têm razão: as virginianas criaram o sadomasoquismo, como posso fazê-la ver as coisas engraçadas, sensíveis, ternas se eles enxergam o peso, o drama, o perrengue? Vi que queria dela um óculos que não está ali entre as córneas e o coração. Óbvio que limpei muita lágrima entre um rala cenoura e um esparrame de tomate nas panquecas, cuja massa dividi com o Bidu. Lá pras tantas pedi desculpas pelo trabalho sobrehumano que dei, daí ela ficou dizendo que não era esse trabalhão, mas uma preocupação que nunca acaba "bló bló bló sonoplastia da professora do Snoopy". Ela lembrou que só uma vez abri a cortininha da pia da cozinha e me banhei de óleo de comida. Meu pai lembrou da vó contar que ele jogava talco num santozinho que ela tinha e dizia que "punha taco no Quisto", era bem pequeno. Achamos uns sapatinhos da minha tia, ela quer enquadrar como na parede da casa do meu professor de teatro Documentário, tinha outro par meu, número 14, que também quer emoldurar e pedi pra mim, pois já tem uns sapatinhos antigos meus numa caixinha pendurados numa parede do apê deles. Dei ideia de por fotos nossas de bebês. Trouxe a panqueca pras marmitas da semana. E de um jeito meio mestre cuca, alguma coisa se curou entre o preparo de cada coisinha e o cheiro que dava vontade de comer logo tudo.

sábado, 19 de abril de 2014

Feriado animado na pia de São João City

Devo confessar que tenho saudade quase patológica de peixe. Meu amigo quando abandonou a carne vermelha tinha desânimo, só queria dormir, era praticamente uma abstinência, Eu não. Mas o peixe é sofrido: da última vez que fui à praia antes de começar a dar aula, me meti numa padaria para pedir um omelete e resistir à tentação. Estou chegando à conclusão que larguei o peixe para ser mais inventiva na cozinha. A brincadeira desta vez foi o caranqueijo vegetariano: http://casadasreceitas.com.br/receita/carangueijo-vegetariano_34839.html, que estava "com lombriga" desde que me engracei com um cearense e sei lá,

"subiu" essa nostalgia nordestina. Aproveitei que ganhei o repolho da comunidade budista de Cabreúva trazido pela mana japa, que o feriado trouxe tempo para "slow food" do jeito que gosto e adaptei à minha maneira, sempre metendo cogumelo, azeitona e palmito em tudo. Nota mental: a mana pé na porta e o amigo mineiro que cuida dos olhos alheios não podem ser convidados para essas empreitadas criativas, únicos que conheço que não curtem essas personalizações de sempre. Também aboli a farofa da receita na segunda comilança em diante. E até minha mãe que adora fazer coro com meu pai "você só come alpite", curtiu minha opção para a sexta santa. E cá entre nós, quem cozinha com a pia ocupada pela "especulação imobiliária da louça"? Eu e mais meia dúzia de gourmets naturebas descolados.
Já hoje, depois de um piquenique "semi natureba" com colegas na mata Altântica da zona norte (vivendo e conhecendo: é com o ônibus Cachoeira que chegamos ao Núcleo do Engordador da Cantareira e descobrimos a pé "congelando" dentro delas que São Paulo tem quedas d´água fresquinhas), um "arremedo de almoço muito do chinfrim" na volta só para não perder o sono Mendonça que se apossava de mim, acordei com o corpo recusando a esbórnia gastronõmica de "chocolate descontrol" da Páscoa. Fiz arroz integral com cranberries, leite de coco, cenoura, sal marinho, ervas finas, manjericão e alho frito. Como gemendo quando dá essa consistência... É uma adaptação da receita que minha prima indicou, de arroz com damasco e leite de coco. A proteína ficou por conta do projeto de omelete com tomate, açafrão, pimenta rosa e páprica doce, já que os meus sempre viram ovos mexidos aos 45 do segundo tempo. Dá até vergonha de fotografar. Completei com o caranqueijo genérico de ontem, suco de uva da zona cerealista e sobremesa de acaí com guaraná. Hoje também comi um lanche integral e meio com Mandiokeijo. Sempre que misturo e quero comer cru lembro do namorado da sister nipônica recomendando às duas ansiosas: "meninas, a embalagem fala para aquecer". Corpinho vai para os braços de Morpheu felizinho que terminei o dia com cardápio menos trash do que o meio do dia. Agora o que são esses presentes de grego de chocolate e queijo branco que meus pais estão tentando me corromper? A chantagem pelo fim do corte de leite e derivados está pior do que quando tirei a carne. É como o corte do segundo cordão umbilical, dizem. Mas sabe que vegano que se preza é "meio xiita dificultoso garoto enxaqueca". Nem conto as discussões surreais na comunidade do Face. Dá vontade de distribuir umas porradas virtuaus, Acabei de abandoná-la. Por isso o blog tem um preventivo semi no nome, antes que me atirem cópias didáticas de A Carne é Fraca.

domingo, 2 de março de 2014

Cozinhar é comunhão

Passei os últimos dias cozinhando pros que mais amo: amigos, namorado. Digerindo críticas construtivas aqui e ali, mas comprovando que minha professora de canto tem razão: não só pão é comunhão, mas repartir, oferecer, dedicar, meditar cortando, temperando, lavando louça, esquecendo da vida, é como dizia o povo do Osho "até que eu vire o cozinhar". Quando os telefones e interfones me tiram daquela "pinga boa", quase torpor:
- Catzo, o povo chegou, bora acelerar isso, que se não corto e tempero até o dia raiar.
O namorado e a amiga não são tão fãs assim das minhas "criações naturebas porra loucas", então pra ambos valeu comprar queijo, ovos e...mortadela? No boteco da esquina, que é pra complementar emergencialmente a culinária leve, que adoro, mas também mantém a minha gastrite "eternamente buraco" esgoelando no estômago: falta mais! (Acabo de lembrar que o gastro mandou comprar e tomar um remédio, mas já estou medicando costela, baixa imunidade, sono, não cabe mais alopatia nesta altura do campeonato).
Ontem ia fazer o bolinho árabe falafel, mas acabaram virando hambúrgueres de grão de bico. Devo ter errado a consistência adaptando receita virtual "no olho sem ser tia Rita do interior". Fiz arroz integral com vermelho e tomate, aproveitei farofa vegetaria e... filei parte do omelete que o namorado fez. Impressionante: o ovo "sabia" que eu estava fora daquela dieta carnívora e abortou a mortadela pra fora, direto pro prato dele. Kkkk. Fiz também carne de soja, mas ela é chatinha de mudar a cara e pegar tempero. (Acabo de lembrar que a mana japa deixa no molho em shoyo, acho que precisa usar a mistura oriental desse tempero com gengibre, como me ensinou a jornalista mestiça que teve bebê e preciso fazer uma visitinha).
Hoje fiz estrogonof vegetariano, cuscuz na cuscuzeira com berinjela, abobrinha, tomate, leite de amendoim e... Pô, acabo de lembrar que fiquei em débito de ensinar o pesto pro meu irmão budista... Desculpa pra reunir de novo e de novo, de novo. Hehehe.
Neste domingo vi milagres que só a cozinha ou a amizade genuína conseguem: reunir amigos tão sossegados feito eu e o budista e a elétrica da amada jornatriz que passou por aqui neste feriado delícia, em que botei pra correr essa tendenciazinha melancólica familiar que torna os domingos piores do que são.
Como se não bastasse o fuá doméstico aqui, levei todo mundo pra filar bolo de cenoura na minha mãe e matar as saudades do meu filhote Bidu.
Termino o domingo meio chororô, não pelas comilanças, reencontros, lembranças, desabafos, broncas, reclamações e delicinhas divididas, mas de ler o post da amiga professora que foi pro interior, ainda está mimando os avós e caí numa cobrancinha "Dona Lu" de querer ter feito mais que fiz com meus avós Renério e Dita (nunca é o bastante né?). Bom que sinto que os corações de quem ama nunca se separam. Afe, mas hoje a saudade do bolinho de chuva dele ficou "braba"! E com a morte da vó, não tenho pra quem pedir reza "conexão direta com Deus", já que minha fé parece energia de perifa: "chove e cai"...
"Mudando de pato pra ganso", como é costume da minha cabecinha "macacos pulando no sótão", de tarde confirmei que a mãe doutro amigo budista estava certa quando falou que eu e quem recebi hoje parecíamos irmãos no retiro de fim de ano. Vocês podem estar se perguntando: que catzo faz uma foto de jacaré neste post de blog de culinária terapêutica? É que hoje acho que atenuou um pouco esse buraco de filha única não ter irmão: ouvi a leitura do Jacaré de Papo Azul do livro 70 Historinhas, que se não me engano, ganhei do ex violeiro da minha vida. Eita que me senti igual criança de olhinhos vidrados que pede:
- Conta mais!
Ele sim, tem que estudar na Biblioteca Hans Andersen, especializada em conto de fada. E coordenar uma sala de leitura feito a amiga que voltou pra Presidente Prudente e quase chorou na nossa formatura, dividindo sabedoria indígena com amigos e familiares neste curso. Ou estudar "contação" noutro lugar qualquer, que é bom demais "minhagente", ainda faz parir nossos contadores meio encroados e levá-los pra sala de aula, um movimento que a "educação agradece de joelhos". Virge, queria mediar leitura e incentivá-la de todos os ângulos e jeitinhos, fossem artísticos ou literários.
Mas hoje "tou" é querendo minha cama, que magoei destas distâncias tamanho São Paulo na vidinha de quem se gosta. E um pouco mais enviesada, ruminando a falta retardatária do vô 220 voltz, que cruzava Cambé de bicicleta, era pé de valsa em baile da saudade, subia na árvore do quintal dele e quase caía, da avó que espirrava muito cedo, dava umas "mimadas light" na gente, rezava "pra torcida do Corínthians" e todo mundo que apresentássemos ela achava:
- Que amigo bonito e nome lindo. Mas esquisito esse sobrenome né?
Ela via assim mesmo, sem demagogia. Ainda reforçava que todos animaizinhos e crianças eram lindos.
Quando crescer quero ser como eles dois. Um mix. Hahaha
Ainda não "tou" acreditando que recebi uma das melhores fotógrafas que conheço e esqueci de nos registrar nossa esbórnia dominicial sem contra indicações... Que os pratos "tou" desistindo de registrar, pois faço uma produção meia boca dos coitados...
Ah sim, antes que me esqueça: aproveitei massinha de pão de cenoura com abóbora da profe de canto e recheei com azeitona, cogumelo e vários temperos. Ficou a glória! É assim: no que temos mais dificuldade precisamos pegar meio caminho andado, com misturas de saquinho, caixinha ou receita de amiga e finalizar. Ado, ado, cada um no seu quadrado especializado. Rs