quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Quase vegana

Devo confessar que não foi no começo das aulas de yoga que aderi à causa animal. Muito pelo contrário, no começo me irritava o tom quase de pregação de uma professora que tive no Sesc Ipiranga (adivinhe se ela não era da turma do Mestre De Rose?), sempre alertando que não evoluiria na prática sem me tornar vegetariana.
Tempos depois, quando trabalhei na esquina da Haddock Lobo com a Alameda Santos, tinha colegas fanáticos pelo indiano Gopala, na Antônio Carlos com a Augusta. Gozado que lendo o cardápio do mês não me animava a conhecer. E os adesivinhos "os peixes são amigos, não comida"? Ficava irritadinha como típica filha do seu Mendonça, que a ira é herança de família. Mas quando fui lá a primeira vez... Minha língua "entrou em polvorosa". Não sabia nem que sabor sentir primeiro, cada parte dela em seu encantamento particular: picante, adstringente, amargo, doce... Até então, morria de preguiça de parar o que estava fazendo para comer. Dali em diante eu não só queria parar para comer, como comecei a querer aprender também.
Meu cachorrinho Bidu chegou em casa depois da "pitpoddle" Sarah, chegar "causando" no apê da minha prima. E ela tinha razão: depois que aquele bichinho entra em nossas vidas, não dá para gostar só dele: todos os animais que têm o mesmo olhar dele ganharam minha compaixão - ou seja, todos os mamíferos. Daí já virei uma semi vegetariana, pois não conseguia incluir os peixes no escopo da minha compaixão. Era um "olharzinho" diferente entende? Era minha amorosidade enviesada.
Levou outro tempão para eu ir com minha amiga num bazar vegano e me apaixonar pela culinária que encontrei na praça de alimentação. Só o falafel refrescante, já foi de comer "gemendo, ajoelhada e rezando". Ali conversei com ativistas do Move Institute, que me informaram que toda pesca é predatória. E que as redes arrastam não só os peixes, mas os golfinhos (nadei com eles na Disney, no Discovery Cove, em 2001) e as tartaruguinhas (tive uma, presente da ex sogra, para me livrar da bronquite). E foi assim que não consegui mais comer carne.


Com os leite e derivados, devo confessar que não foi um processo tão nobre assim. Já não sou católica há cerca de dez anos, mas por uma dessas razões que não conseguimos alcançar, ainda mantenho a tradição de fazer jejum de quaresma. E o último foi de leite e derivados, em solidariedade à minha mãe que não pode mais comer, mas morre de vontade e também pela dupla graça pedida na ocasião.
Depois do prazo ainda fiquei outras duas semanas sem, já que tive uns esquecimentos pelo caminho e precisava compensar. Quando tentei voltar... Baita cólica! Conversando com o médico gastroenterologista da minha mãe, ele sugeriu tirar, pois meu corpo adorou ficar sem eles. Mas e o vício? A saudade de capuccino e "bobajitos" com queijo? Por isso acabo de fundar o Lactólogos Anônimos: "sou a Francine e já estou há 48 horas sem leite e derivados. Só por hoje".
Bem, quanto ao ovo... Não consegui tirá-lo da dieta e não sei se conseguirei. Volta e meia tenho uma fissura por gemada, uma espécie de retorno à infância. E todas minhas amigas yogues que o tiraram, quando engravidaram tiveram que colocá-lo de volta. Como há esperança de chegar lá, não vejo muito sentido em tirar e depois por de volta. E outra, como muito na rua, sem carne já tenho achado nos bares e restaurantes, sem leite e derivados "forget Margareth", agora sem ovos... Sem chance!
E assim foi que batizei este blog na minha nova condição alimentar: semi vegana!

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