quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Cheiro da cidade de terra vermelha

Começo este post com dedos de café. Explico: a minha cozinha é a de uma criança feliz. A vida inteira minha mãe mandava ficar longe do fogo e até hoje quando tenho que acender um artesanalmente, só falto riscar o fósforo e sair correndo. Isto não é uma reclamação, é uma constatação: ela não estava de todo errada, sou uma caricatura de tão desastrada - já deixei o fogo ligado umas três vezes, uma delas do dia para a noite e quando entrei no apê e pensei "isso aqui parece um forno", mas era mesmo um. Há quase um dia inteiro. Logo, ela tinha seu motivos para me tocar do território feminino. Talvez por isso, como diz meu massoterapeuta favorito, seja yang acima da média. Mas isso é matéria prima para outro post. Graças aos cuidados maternos, até hoje, seis meses depois de perder o medo do espaço dos cheiros, cores e sabores, ainda faço trapalhadas impagáveis. Como cortar o pacote de café, praticamente à prova de quem compra também, me embriagar com o cheiro do norte do Paraná, da máquina de café em que meu avô torrava os grãos e jogar todo o pó na lata, esquecendo de tirar o medidor de plástico. Imagine a festa de meter a mão no pó e resgatá-lo! A cozinha está batizada de cheiro e cor da infância, que já está na hora de pegar no batente. Quando fui escovar os dentes depois, descobri que nem meu colo escapou, imagine a pia, o liquidificador... E eles ficam lá esperando pela "faxina onde o padre passa". Mas como digo para a minha mãe, a sujeira não fugirá, fiquemos tranquilas. E minha meta de vida nunca foi deixar a casa brilhando. Ainda mais com freela esperando!
Como dizem minha amigas da Cásper: este é um blog feno-culinário! Sempre que elas consideram um fracasso digno de risadas e mesa de bar, sem dramas mexicanos, vira automaticamente, feno. Todos os outros blogs culinários empilham sucessos e mais sucessos de fogão e mesa. O meu tira sarro da própria falta de jeito com as panelas e o forno. Mas me ensinou a "retroceder nunca, desistir jamais"!
Esta manhã, por exemplo. Queria fazer o pesto, que é meu consolo orgasmático desde que tirei a manteiga. Piquei folhas verde escuras, coloquei manjericão, mas... Não tinha azeite! Com todos os textos do mundo me esperando, não ia lá para cima atrás dele, que minha casa só tem um rio e um CEU perto (diga-se de passagem, muito bom). O que eu coloquei no lugar? Shoyo. Inspiração da convivência com a hermana nipo, que sonhei ter a vida toda e ganhei recentemente, adulta, mas antes tarde do que mais tarde!
Que tal o molho? Shoyo é um anti social, bate no liquidificador, mas no fim das contas não se mistura... Digamos que tem um sabor marcante, que é um eufemismo para forte além da conta. Mas no fim do ano também achei o mesmo de meu doce e suave meu prato salgado (outra forma de melhorar o sem graça), só que vi minha mãe e minha amiga repetindo a dose, que já não tem motivos para fazer média comigo e deixaram de lado pratos do início das minhas farras culinárias. Cheguei à conclusão de que sou muito exigente comigo mesma. Para variar... Aguardem cenas dos próximos capítulos deste oba oba doméstico!

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