sexta-feira, 29 de março de 2013

Cozinheira também nasce

Realmente não entendo como passei tanto tempo sem me aventurar entre as panelas. É criação! Quem curte escrever, desenhar, interpretar, compor, pintar... Invariavelmente vai amar a criação gastronômica. É viciante! E após nove meses entre erros e acertos, acho que pari a cozinheira que procurava: não quero mais sair de perto do fogão enquanto não fica pronto - toda criação é filha, prato não é diferente, vamos deixar "dando sopa" por aí? Com o perdão do trocadilho... E limpar a área enquanto o fogo faz a parte dele ajuda a por a ansiedade no seu devido lugar. Fora que tenho adaptado um treinamento budista durante o preparo: a gente usa a lavagem de pratos também para se "limpar", desejando que enquanto deixa talheres, pratos, panelas limpos, que nossa mente também se purifique. Enquanto vou cortando, peneirando, mexendo, também desejo que assim como transformo aqueles ingredientes, que minha mente também passe por uma alquimia e melhore.
Estes dias estava aguada por um doce - mas não serve um prontinho. É abstinência de misturar, sentir o cheiro, ver a cor, acompanhar o cozimento, pensar na troca de ingredientes que sempre faço, elaborar adaptações... Encontrei esta receita e ao invés de usar cacau substituí por farinha de coco e no lugar de cobrir com açúcar, passei geleia de morango... O amigo multicor, a mãe, a amiga e diarista aprovaram! O primeiro bolo vegano a gente nunca esquece! Sem caixinha, sem saquinho pré-ponto. Modéstia à parte, um "desbunde".
E para entrar no clima da sexta feira santa, embora não me considere católica há "zilhênios", arrisquei a "bacalhoada" sem bacalhau, mas ao invés de pimentão que detesto usei abobrinha e além de por azeitona nas camadas, incluí também palmito e champignhon. No cozimento das batatas usei manjericão, zathar,
pimenta rosa e Sabor a Mi azeite e ervas. Na hora de misturar na frigideira carne de soja à abobrinha, coloquei salsa desidratada, ervas finas, farinha de milho no lugar do amido, alho granulado, cebola em flocos e pó de caldo de peixe, para dar uma tapeada - isso que nem sou fã do bacalhau mesmo, mas tinha que entrar no clima do disfarce todo. Quase comi embaixo do balcão da cozinha para dar uma de Ana Maria Braga. Ah sim, como meu azeite acabou, completei a medida dele com óleo de coco, pelo qual estou "de quatro": é uma facada, mas dura tanto e tudo fica tão estonteantemente maravilhoso com ele, que vale o investimento. Também cismei que as batatas estavam sem gosto quando cortei para começar a fazer as camadas e repeti as pitadas dos temperos delas, além de por umas cinco colheres de sopa da água temperadinha com a qual cozinhei as cinco indicadas para usar na receita. As minhas não eram grandes como recomendavam e como pode conferir acima, faltou para a última camada, mas nada qu um tomatinho picado não resolva.
A receita falava em acompanhar com arroz, que agora só faço integral com óleo de coco e damasco, por conta da dica da minha prima. Uso os mesmos temperos já citados, mas o toque a mais aqui foi o alecrim, também não utilizei caldo de peixe. Como estava há tempos sem comer o azuki, um dos poucos feijões que encaro além do moyashi, cozinhei o restinho dele, com quase todos os temperos acima, exceto caldo de peixe e alecrim e a personalização neste caso foi o molho tarê. Não estou acertando muito a mão com ele, pois é a segunda vez que resolvo minha cisma de falta de gosto com o Sabor a Mi.
A cozinha é tão transformadora que entramos nela num estado de espírito e saímos noutro. Tudo bem que faço uma "almojanta", viajo no corte dos ingredientes, coloco em fogo baixo por recomendação da minha tia (segundo ela, os japoneses também cozinham assim) e meu fogão está desregulado, mas é tão meditativo! A alquimia não é só com o que se põe na panela não! É com a gente também.

quinta-feira, 21 de março de 2013

Semiveganice: vamos para o abraço!

Minha colega da faculdade quer cozinhar "naturebamente" para fora comigo. Estou num cagaço ancestral (pois minha mãe virginiana é uma das criadoras do sadomasoquismo e passou uns genes de quinta categoria sem querer para mim). Minha estreia vendendo familiarmente foi ligeiramente desastrosa nos tempero, quantidade e valor. Mas tudo se aprende nesta vida. Queria estudar mais isso. E o que não quero aprender? Qual será o nome da doença de quem quer cursar tudo?
O color friend me chama de bruxinha
e eu recebo como elogio: elas são heroínas das minhas histórias
Ouvi que alguém tinha feito torta com massa de pastel e experimentei. Gostaria de descobrir como se gruda a massinha, pois ao cortá-la a dita cuja se desmonta toda. Continuo praticante do mistureba vegetariano de quem não tem tempo: carne de soja, arroz integral, tudo quanto é legume e tempero... O único porém é que o prato fica ligeiramente indecifrável. Vira uma pasta de nenê para adultos. E eu que me recusava a comer fruta amassada, só fui interagir com elas ao começar a segurá-las... Mas cozinhar cura e muito!
Semana passada aconteceu uma coisa muito marcante: quis parar de escrever para fazer carne de soja com palmito, azeitona, cogumelo e todos meus clássicos temperos para minha tia. Nunca antes na história desse país abandonei a paixão literária pela gastronômica. Acho isso bem significativo. O que achei
delicioso, ela achou "temperadésimo", não por acaso é irmã do meu pai, que avalia ter mais tempero que comida em meus pratos. Acho um charme o caos criativo que provoco em minha cozinha...
Inventei um shake vegano com o café, cupuaçu, avelã e alfarroba. Se não me render ao açúcar mascavo, identifico cada ingrediente nele. Tenho tentado produzir mais as fotos, só que esqueci o cabo de transferência do Nokia na minha amiga e o Bluetooth do computador se recusa a colaborar com o celular. Aguentem firme: na próxima vez que matar as saudades dela, encho este post de imagens. Por enquanto exercitem a imaginação.
Também mirabolei uma tapioca vegana com a goma e o molho pesto, que gosto tanto, mas tanto, que engulo de manhã, de tarde e à noite, do café da manhã ao jantar.
Tenho virado adepta do arroz integral com feijão azuki, com palmito, cogumelo, azeitona, manjericão, shoyo, mostarda, zathar, azeite, ervas finas, alho em flocos, alecrim, pimenta rosa (embora a gastrite talvez se ressinta justamente dela), salsa desidratada e tarê (este último, uma paixão desenfreada graças ao meu professor de videorreportagem) Para que tão bom santo Deus? Tenho tentado não usar Sabor a Mi Azeite e Ervas e gersal, para não fazer jus à
acusação de ter muito sal no que faço (fora que o sódio rouba o que interessa ao corpo na urina). Admito que morro de saudades deles. Devo confessar que fiz omelete: veganos, não me apedrejem, mas a grana está curta até para voltar à zona cerealista e vamos combinar? É sim, mais pesadinho para o bolso ser natureba. Por exemplo: caí de amores pelo óleo de coco. Um mísero potinho com pífios 200 ml pela facada de R$ 22! Certo, devo admitir que testei lugares que nem de longe valem a troca pela santa zona cerealista, como o mercadão do Ipiranga, mas minha gente, doem os braços e os ombros as idas e vindas mensais para
lá, mais o mercadinho do bairro que abastece a área de serviço com as feiras quinzenais (é, preciso voltar aos exercícios, o médico tem razão).
Estou em dúvida do que inventar hoje... E já salivando pela hora do almoço, que hora tão feliz!
Dei "um caô" na gastrite com um golpe de avó: fazendo chá de camomila toda hora do almoço e adoçando com mel. Tenho a mantido numa distância segura.
Quando tinha que comer alguma coisa que não gostava antes de cortar leite, derivados e carne, disfarçava com queijo. Ultimamente tenho usado shoyo, gergelim e pistache, por exemplo, no feijão,
que reintroduzi à dieta por precisar do ferro - não que seja lá muito fã dele. Outro bom repositor de ferro, de acordo com ex chefe de olho nos exames do filho é açaí diariamente na jantar - e só, que ele já vale uma refeição.
E nessa toada de cortar colesterol, aboli radicalmente as batatas fritas e empada que eram minha saída na forme emergencial na rua, prefiro vitamina sem leite (na verdade, um suco com a sustança de 2 ou 3 frutas), barrinha de cereal, broa de milho e às vezes não resisto ao pão na chapa.
Bagunçar a cozinha tem valido a pena... Nas últimas incursões nela, mandei bem, deixei gente elogiando e pedindo bis. E agora tenho lavado e varrido enquanto a coisa vai cozinhando ou assando, Há dias como a Bacalhoada sem Bacalhau, arroz integral com óleo de coco e damasco (sempre!), feijão azuki, gergelim, pistache e os temperos de sempre. Devo confessar que na Páscoa não resisti a meio quilo de bombom gianduia (já declarei aos 4 ventos que leite e derivado me dão cólica, mas a progenitora se recusa a aceitar, nem limar a carne a fez por as asinhas pra fora tanto com sua veia chantagista).
Acabei não fotografando, mas fiz um suco de tangerina, cenoura, pó de chai e mel que ficou a glória.
E vocês minha gente o que tem inventado?
Meu objeto de desejo atual é uma cuscuzeira... Quem diria!

segunda-feira, 11 de março de 2013

Só a cozinha salva!

Faz pouquíssimo tempo que me toquei que cozinhar me curou. Comecei a teimar em fazer receita natureba oito meses atrás, ainda na porta de saída da primeira e última depressão da minha vida. O cômodo favorito das bruxinhas me ensinou a metáfora da vida "desistir nunca, retroceder jamais" e neste domingo estava pensando que cozinhar é como a batalha dos nossos sonhos - irresistível e ingrata ao mesmo tempo. Madruguei no maior gás para fazer um leite e pão sem lactose e glúten para minha tia (minha prima torce que este é o começo do meu restaurante vegano, mas minha mãe virginiana brochante já perguntou se penso que é fácil administrar um). E nada me abateu! Fiz o leite de arroz conforme orientação da vendedora da Mundo Verde: deixei de molho arroz integral na véspera e fui adaptando a receita do leite de amêndoas, mas personalizando como esta mulher me deu a dica ontem: coloquei damasco e para comprovar que foi um amor à segunda vista acrescentei mel, canela e um pouco da pasta de alfarroba com avelã. Acho que venci o gosto inicial, mas vejamos o que minha tia, a mulher mais crítica de todos os tempos achará.
Fiz o pão sem glúten de acordo com essa receita: "Pão sem glúten (ciclo 7 - ultrarrápido)
Rendimento: 1 pão de 600g
Ingredientes:
2 colheres de sopa de semente de chia + 6 colheres de sopa de água - deixar descansar 10 minutos 1 copo de leite vegetal de sua escolha (costumo usar leite de amêndoas caseiro) 2 colheres de sopa de óleo vegetal (costumo usar óleo de côco) 1 colher de chá de sal marinho, se quiser um pão neutro (se quiser salgado colocar 2 col. chá) 3 copos de farinha sem glúten (já usei beladri e ammina) 1 pacotinho de fermento biológico instantâneo Modo de preparo: Retire a forma da máquina de pão, coloque todos os ingredientes na ordem da receita. recoloque a forma na máquina, feche a tampa, programe o ciclo indicado e a cor desejada.*obs:  Copo = copo medida da máquina, de 240 mlJá fiz sem a máquina tbém, bato tudo na batedeira, coloco em assadeira e deixo crescer uns 20 min e depois levo ao forno médio".

Mas estou com medo de experimentar pois meu forno está desregulado e quem postou nas comunidades natureba do Face não deu o tempo de cozimento. Pelas fotos, estamos igualmente feiosos. De novo espero e torço pelo que tia crica achará. Ai, ai, ai!
Daí descubro que com o que coamos dos leites vegetais dá para inventar mil e um pratos. Escolhi estes biscoitinhos para aproveitar o que sobrou do leite de amêndoas e estes hambúrgueres para o resíduo do leite de arroz.
Com os biscoitos a adaptação foi usar geleia de morango e damasco. Detalhe: não abria o potinho do primeiro ingrediente furando, esquentando na boca do fogão ou contando com a ajuda do vizinho. O que me salvou foi seguir a dica da madrinha: ferver água, por toalhinha nela, jogar com garfo em cima da tampa e depois tirar um sarro: "pra que marido"? Acho que ficaram razoáveis e minha mãe, pra não perder o costume, reclamou que não dá pra identificar o que tem na receita. Oi? E precisa?
Fazendo os hambúrgueres preteri a cebola e usei manjericão, Sabor a Mi azeite e ervas, ervas finas, salsa, caldo de peixe, chia e alho granulado. Estes achei "maragoldiamond", como diria a piriguete da penúltima novela. A receita falava em usar papel manteiga, claro que não tinha itens tão específicos na casa, mas minha mãe trouxe uma blusinha salmão embrulhada num papel quase igual (de acordo com meu amigo artista plástico, é o vegetal, grudou tudo depois, mas no teatro comemos papel comum em cena, então este também não deve fazer mal).
Comecei bem a esbórnia gastro semi vegana: com o leite de amêndoas, que foi paixão à primeira vista. O ponto de partida foi esta receita, mas personalizei usando água de coco, pondo mel e canela, que já tinha lido noutros sites e ouvido dica de um vegano. O que foi esta bebida santo anjo do senhor? Orgástica. Repeti com café para beber gemendo os dois leites e descobri que com eles meu estômago não dá crepe. Lembrei do meu amigo que trabalha com percussão corporal, pois uma vez perguntei pq não vendia os quadros dele, só faltava ter bronca de quem queria comprar: também me apeguei assim à obra de arte criada. Gastronomia também é arte! E sou uma budista de araque.
O amigo multicor vinha de uma feira, imaginei que como eu quando cobria estes eventos tinha comido só "bobajitos" e também estava aguada por massa com pesto depois de tanto tempo sem matar as saudades do molho apresentado pelo meu vizinho chef. Cozinhei o macarrão de arroz "sessenta anos" que o catzo do fogão está desregulado (será que quando arrumá-lo deixo de errar a mão numas receitas?) e bati a folha verde escura que "dona Lu" trouxe da feira (acho elas tão parecidas, só que minha mana japa diz que isso é heresia) com manjericão, alho em flocos, Sabor a Mi Ervas e Azeite, mais azeite, pistache, castanha e avelã picados, também por inspiração desta irmãzinha nipo adotada vida afora. Dá gosto de ver neguinho repetir, assim como dava vontade de rodar a baiana quando a filha do "figura" torcia o nariz - só assim entendi o quanto "ispizinhei" minha mãe fazendo greve de fome na infância.
Fiz ainda minha sobremesa favorita: cupuaçu batido com avelã e alfarroba do Mundo Verde (este potinho é uma baita facada, ainda preciso comprar a soja com avelã da Coop, mas cozinhando tem me dado uma saudade do carro, pois é a maior peregrinação atrás de trocentos ingredientes diferentes em vários mercados de diversos lugares). Só na motoca... Amigo com todas as luzes do arco íris, captou o convite? Haha
Pensa que acabou? Fiz unha, banho de creme, depilei a perna, lavei a roupa e na véspera dei uma geral na casa, abrindo espaços em mim também. A gente faxina o apê e a alma. Dá uma organizada na "esbórnia mental". E esta fase rosa tem feito a bruxinha e a fada madrinha fazerem as pazes dentro de mim. Sem resvalar nos amores - antigos e aparentemente recém despertos. Se baixar uma "nhaca", ao invés de dizer para sair deste corpo que não pertence a ela, eu, se fosse você, ia para as terapêuticas panelas. Para ansiosas é um santo remédio: tem que por a mão na massa o tempo inteirinho, não sobra tempo de estressar pq dependemos de retornos de terceiros que nos dão aquela canseira na comunicação e arte. Na cozinha não: é tudo tempo real!

quarta-feira, 6 de março de 2013

Gastro experience


Em 48 horas eu viajei na culinária. E nas culturas também. Ontem fui convidada para um almoço de sonho: comidinha natureba no Cachoeira Tropical da Vila Olímpia. Valei-me Nossa Senhora das Veganas Deslumbradas! Muita salada, arroz integral, doce light, suco natural, farinha de linhaça... Lá faço prato de pedreiro, até sair pelo ladrão e cair um pouco na mesa. Minha mãe diria que tentou me educar, mas... Fiquei tão abestalhada com a variedade para quem corre da carne, leite e derivados que... Distraí demais e não registrei a esbórnia gastronômica. Queria postar umas fotos emprestadas do site deles, mas que beleza, o link das imagens teve um surto de "maravilhoso mundo de Caras" e só tem celebridades. Bem imaginem um prato leve, saboroso e bem servido. Foi melhor. Afe Maria! Pra comer tendo orgasmo múltiplo estrelado colorido. E lembrem-se que sou sagitariana e já disse um milhão de vezes que nunca exagero (nosso mantra).
Hoje fui matar minha curiosidade aqui perto de casa: no Bom Prato. Pode parar de rir. Sou jornalouca, adoro novidades e especialmente, povão (não por acaso moro do lado do Heliópolis). Gastei a exorbitante quantia de R$ 1. Pensando no saque de R$ 20 do Banco 24 Horas e na provável taxa dos caixinhas vermelhos, digamos que foi um investimento considerável. Tem que rir para não chorar. Meu ex chefe maluco de uma publicação da área financeira tinha razão: banco tem que se estrepar, eles ganham absurdos.
Já desconfiava que não comeria parte significativa dos pratos. São os funcionários que nos servem. Tive que ser ágil para agradecer a farta porção de arroz, recusar a carne, dar um olé no feijão também com carne, sorrir para a porção de cenoura e... Para contrariar minha fama de fresca, mas fazer jus à ascendência cearense, fui de farofa (que foi devidamente separada da carne). Não sou tão xiita quando colegas meus que não chegam perto de onde ainda tem energia da carne, não comem pão na chapa por estar perto de grelhado, enfim...
Lembrei de uma cerimônia budista que participei num retiro do Odsal Ling em que eles vão passando uns kits de comida e o que parar no seu colo, encara sem torcer o nariz, que é para trabalhar contra a rejeição. Bom o que ficou disso foi limpar a farofa da carne. Pensando bem, melhorei pouca coisa da época em que dizia que queria pão com manteiga na infância (não importando que pratos os familiares tivessem feito) e trocava qualquer cardápio por omelete na adolescência.
Mas o legal é a troca de ideia na mesa. Um senhorzinho na minha frente me lembrou o avô pernambucano da minha prima, pois processei pouco do que ele tentou me dizer. É jardineiro, tem uma mulher linda bem mais nova na qual ele bate (ai Deus, falei que não pode, adianta alguma coisa? Tentei fazer minha parte, juro), disse que "é encrenqueira", ele vai aposentar, nunca mais voltou para a terra dele... Bem, até que deu para captar mais do que quando ouvia o seu Raimundo. Foi bonitinho ele me ver olhando longe e perguntar como estava minha vida. Nem combinava com alguém que batia na companheira. E insistiu para eu ficar com o suco e laranja dele. O povo é generoso aqui nestas quebradas.
É mais provável encontrarmos corpos estranhos em restaurantes cheios de nove horas do que lá... Todo mundo de touca e máscara, ao contrário do que todos os que almocei ou jantei (e olha que cobrindo TI já ganhei muita refeição nos Jardins, Itaim...). Que escândalo fazem os bandejões batendo nos pratos. Tomei um pito pegando o suco de dentro do balcão: a gente não se serve, somos servidos. É a higiene. Aprendi a lição. E o que mais cômico é que quem me deixou xereta de ir foi um figura que é músico e dava uma de Noel Rosa (ou seria Adoniran?) que acordava tarde para economizar uma refeição.
Fora que tem internet logo na entradinha... Onde mais se come e navega antes ou depois? Num café da Antônio Carlos perto da Paulista era assim, mas outro dia voltei depois de décadas sem aparecer e agora só wi fi. Ou seja, aqui é um ambiente amigável para quem apanha da tecnologia que carrega no bolso. E não são poucos! Há dias tento receber músicas via bluetooth do meu vizinho, mas ele não sabe usar. E é professor, não é pouca coisa não.
Para não perder o costume de me sentir em casa, encontrei duas vizinhas. Não que saiba o nome delas, pois sou péssima com esses detalhes importantes. Mas nos reconhecemos e é o que importa. Ainda tenho que voltar ao Bom Prato para conhecer o café da manhã. Agora governo do Estado para que este exagero de por carne em dois pratos? Não se pode ser pobre e vegetariana?

sexta-feira, 1 de março de 2013

Ah, o arroz com leite de coco e damasco...

Acompanha o chai: tem que por 1/3 de colher de chá do pó, se não passa do ponto feio!
Sou grata aos japoneses por terem feito com que eu me redimisse com o feijão, já que agora preciso dele por cortar a carne e ter que repor o ferro. Ele não tem gosto do feijão que não gosto, irrú! Ainda por cima besunto o dito cujo com tarê, que adoro desde meus primeiros jantares na Liberdade com um amigo jornalouco, o primeiro a perceber que quando falo do teatro brilha o olho.
A carne de soja ganhou shitake e tomate holandês. Lembra a moída, mas acho o gosto melhor - também fiz as pazes com ela, pois na Escola Adventista os salgados com este recheio tinham gosto de esponja - culinária vegetariana preguiçosa, manja? O grande acontecimento da semana foi ter escutado a prima falar do arroz cozido com leite de coco e damasco, arriscar e comer gemendo. Como minha mais nova velha parceira estava aqui, me fez aliviar a mão na "temperaiada" e dividir entre os três pratos o manjericão, salsa desidratada, alho em flocos, Sabor a Mi azeite e ervas, zathar, ervas finas, cominho, caldo de peixe "sabor canto de mesa", pimenta rosa, alecrim e gersal (claro que não lembro o que foi para cada prato, mas de qualquer maneira, melhor deixar que você leitora ou leitor se divida conforme o sexto sentido recomendar).
Sabe quando a gente enrola para o livro acabar de tão delícia que é lê-lo? Estou fazendo o mesmo com o arroz, na expectativa de que o "amigo multicor" experimente, pois tenho achado uma "judiaria" acertar a mão nas panelas e não ter testemunha. Ok, minha prima conferiu. Mas comeu tão pouco que quero fazer a prova dos nove...
Na última feira troquei a berinjela e abobrinha de sempre por mandioca, batata e abóbora... O que será que inventarei nas próximas incursões ao "espaço das bruxas gourmets"? O gozado foi a prima irmã mais nova avaliar que apesar de não ter a experiência anterior dela cozinhando para os irmãos enquanto a mãe trabalhava fora, sou mais inventiva e tem dado certo (mas levaram seis meses para eu e os ingredientes fazermos as pazes).
Tudo indica que esta é quase uma semana de pratos completamente veganos. Em casa, pois no almoço com cliente em restaurante francês tive que me render ao suflê entupido de queijo. Não pegaria bem levar a lancheira "velha de guerra", não é de bom tom provocar transtorno se a postura ética é minha e não da humanidade. Também me rendi à torta de abobrinha e queijo no Sesc (sim, tinha levado ameixa, castanhas e sembei, mas tive fome de coisa salgada mais pesada, o que posso fazer?). De qualquer maneira, estamos com o placar pendendo para cortar os derivados de animais: cinco a zero!