quarta-feira, 6 de março de 2013

Gastro experience


Em 48 horas eu viajei na culinária. E nas culturas também. Ontem fui convidada para um almoço de sonho: comidinha natureba no Cachoeira Tropical da Vila Olímpia. Valei-me Nossa Senhora das Veganas Deslumbradas! Muita salada, arroz integral, doce light, suco natural, farinha de linhaça... Lá faço prato de pedreiro, até sair pelo ladrão e cair um pouco na mesa. Minha mãe diria que tentou me educar, mas... Fiquei tão abestalhada com a variedade para quem corre da carne, leite e derivados que... Distraí demais e não registrei a esbórnia gastronômica. Queria postar umas fotos emprestadas do site deles, mas que beleza, o link das imagens teve um surto de "maravilhoso mundo de Caras" e só tem celebridades. Bem imaginem um prato leve, saboroso e bem servido. Foi melhor. Afe Maria! Pra comer tendo orgasmo múltiplo estrelado colorido. E lembrem-se que sou sagitariana e já disse um milhão de vezes que nunca exagero (nosso mantra).
Hoje fui matar minha curiosidade aqui perto de casa: no Bom Prato. Pode parar de rir. Sou jornalouca, adoro novidades e especialmente, povão (não por acaso moro do lado do Heliópolis). Gastei a exorbitante quantia de R$ 1. Pensando no saque de R$ 20 do Banco 24 Horas e na provável taxa dos caixinhas vermelhos, digamos que foi um investimento considerável. Tem que rir para não chorar. Meu ex chefe maluco de uma publicação da área financeira tinha razão: banco tem que se estrepar, eles ganham absurdos.
Já desconfiava que não comeria parte significativa dos pratos. São os funcionários que nos servem. Tive que ser ágil para agradecer a farta porção de arroz, recusar a carne, dar um olé no feijão também com carne, sorrir para a porção de cenoura e... Para contrariar minha fama de fresca, mas fazer jus à ascendência cearense, fui de farofa (que foi devidamente separada da carne). Não sou tão xiita quando colegas meus que não chegam perto de onde ainda tem energia da carne, não comem pão na chapa por estar perto de grelhado, enfim...
Lembrei de uma cerimônia budista que participei num retiro do Odsal Ling em que eles vão passando uns kits de comida e o que parar no seu colo, encara sem torcer o nariz, que é para trabalhar contra a rejeição. Bom o que ficou disso foi limpar a farofa da carne. Pensando bem, melhorei pouca coisa da época em que dizia que queria pão com manteiga na infância (não importando que pratos os familiares tivessem feito) e trocava qualquer cardápio por omelete na adolescência.
Mas o legal é a troca de ideia na mesa. Um senhorzinho na minha frente me lembrou o avô pernambucano da minha prima, pois processei pouco do que ele tentou me dizer. É jardineiro, tem uma mulher linda bem mais nova na qual ele bate (ai Deus, falei que não pode, adianta alguma coisa? Tentei fazer minha parte, juro), disse que "é encrenqueira", ele vai aposentar, nunca mais voltou para a terra dele... Bem, até que deu para captar mais do que quando ouvia o seu Raimundo. Foi bonitinho ele me ver olhando longe e perguntar como estava minha vida. Nem combinava com alguém que batia na companheira. E insistiu para eu ficar com o suco e laranja dele. O povo é generoso aqui nestas quebradas.
É mais provável encontrarmos corpos estranhos em restaurantes cheios de nove horas do que lá... Todo mundo de touca e máscara, ao contrário do que todos os que almocei ou jantei (e olha que cobrindo TI já ganhei muita refeição nos Jardins, Itaim...). Que escândalo fazem os bandejões batendo nos pratos. Tomei um pito pegando o suco de dentro do balcão: a gente não se serve, somos servidos. É a higiene. Aprendi a lição. E o que mais cômico é que quem me deixou xereta de ir foi um figura que é músico e dava uma de Noel Rosa (ou seria Adoniran?) que acordava tarde para economizar uma refeição.
Fora que tem internet logo na entradinha... Onde mais se come e navega antes ou depois? Num café da Antônio Carlos perto da Paulista era assim, mas outro dia voltei depois de décadas sem aparecer e agora só wi fi. Ou seja, aqui é um ambiente amigável para quem apanha da tecnologia que carrega no bolso. E não são poucos! Há dias tento receber músicas via bluetooth do meu vizinho, mas ele não sabe usar. E é professor, não é pouca coisa não.
Para não perder o costume de me sentir em casa, encontrei duas vizinhas. Não que saiba o nome delas, pois sou péssima com esses detalhes importantes. Mas nos reconhecemos e é o que importa. Ainda tenho que voltar ao Bom Prato para conhecer o café da manhã. Agora governo do Estado para que este exagero de por carne em dois pratos? Não se pode ser pobre e vegetariana?

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