segunda-feira, 11 de março de 2013

Só a cozinha salva!

Faz pouquíssimo tempo que me toquei que cozinhar me curou. Comecei a teimar em fazer receita natureba oito meses atrás, ainda na porta de saída da primeira e última depressão da minha vida. O cômodo favorito das bruxinhas me ensinou a metáfora da vida "desistir nunca, retroceder jamais" e neste domingo estava pensando que cozinhar é como a batalha dos nossos sonhos - irresistível e ingrata ao mesmo tempo. Madruguei no maior gás para fazer um leite e pão sem lactose e glúten para minha tia (minha prima torce que este é o começo do meu restaurante vegano, mas minha mãe virginiana brochante já perguntou se penso que é fácil administrar um). E nada me abateu! Fiz o leite de arroz conforme orientação da vendedora da Mundo Verde: deixei de molho arroz integral na véspera e fui adaptando a receita do leite de amêndoas, mas personalizando como esta mulher me deu a dica ontem: coloquei damasco e para comprovar que foi um amor à segunda vista acrescentei mel, canela e um pouco da pasta de alfarroba com avelã. Acho que venci o gosto inicial, mas vejamos o que minha tia, a mulher mais crítica de todos os tempos achará.
Fiz o pão sem glúten de acordo com essa receita: "Pão sem glúten (ciclo 7 - ultrarrápido)
Rendimento: 1 pão de 600g
Ingredientes:
2 colheres de sopa de semente de chia + 6 colheres de sopa de água - deixar descansar 10 minutos 1 copo de leite vegetal de sua escolha (costumo usar leite de amêndoas caseiro) 2 colheres de sopa de óleo vegetal (costumo usar óleo de côco) 1 colher de chá de sal marinho, se quiser um pão neutro (se quiser salgado colocar 2 col. chá) 3 copos de farinha sem glúten (já usei beladri e ammina) 1 pacotinho de fermento biológico instantâneo Modo de preparo: Retire a forma da máquina de pão, coloque todos os ingredientes na ordem da receita. recoloque a forma na máquina, feche a tampa, programe o ciclo indicado e a cor desejada.*obs:  Copo = copo medida da máquina, de 240 mlJá fiz sem a máquina tbém, bato tudo na batedeira, coloco em assadeira e deixo crescer uns 20 min e depois levo ao forno médio".

Mas estou com medo de experimentar pois meu forno está desregulado e quem postou nas comunidades natureba do Face não deu o tempo de cozimento. Pelas fotos, estamos igualmente feiosos. De novo espero e torço pelo que tia crica achará. Ai, ai, ai!
Daí descubro que com o que coamos dos leites vegetais dá para inventar mil e um pratos. Escolhi estes biscoitinhos para aproveitar o que sobrou do leite de amêndoas e estes hambúrgueres para o resíduo do leite de arroz.
Com os biscoitos a adaptação foi usar geleia de morango e damasco. Detalhe: não abria o potinho do primeiro ingrediente furando, esquentando na boca do fogão ou contando com a ajuda do vizinho. O que me salvou foi seguir a dica da madrinha: ferver água, por toalhinha nela, jogar com garfo em cima da tampa e depois tirar um sarro: "pra que marido"? Acho que ficaram razoáveis e minha mãe, pra não perder o costume, reclamou que não dá pra identificar o que tem na receita. Oi? E precisa?
Fazendo os hambúrgueres preteri a cebola e usei manjericão, Sabor a Mi azeite e ervas, ervas finas, salsa, caldo de peixe, chia e alho granulado. Estes achei "maragoldiamond", como diria a piriguete da penúltima novela. A receita falava em usar papel manteiga, claro que não tinha itens tão específicos na casa, mas minha mãe trouxe uma blusinha salmão embrulhada num papel quase igual (de acordo com meu amigo artista plástico, é o vegetal, grudou tudo depois, mas no teatro comemos papel comum em cena, então este também não deve fazer mal).
Comecei bem a esbórnia gastro semi vegana: com o leite de amêndoas, que foi paixão à primeira vista. O ponto de partida foi esta receita, mas personalizei usando água de coco, pondo mel e canela, que já tinha lido noutros sites e ouvido dica de um vegano. O que foi esta bebida santo anjo do senhor? Orgástica. Repeti com café para beber gemendo os dois leites e descobri que com eles meu estômago não dá crepe. Lembrei do meu amigo que trabalha com percussão corporal, pois uma vez perguntei pq não vendia os quadros dele, só faltava ter bronca de quem queria comprar: também me apeguei assim à obra de arte criada. Gastronomia também é arte! E sou uma budista de araque.
O amigo multicor vinha de uma feira, imaginei que como eu quando cobria estes eventos tinha comido só "bobajitos" e também estava aguada por massa com pesto depois de tanto tempo sem matar as saudades do molho apresentado pelo meu vizinho chef. Cozinhei o macarrão de arroz "sessenta anos" que o catzo do fogão está desregulado (será que quando arrumá-lo deixo de errar a mão numas receitas?) e bati a folha verde escura que "dona Lu" trouxe da feira (acho elas tão parecidas, só que minha mana japa diz que isso é heresia) com manjericão, alho em flocos, Sabor a Mi Ervas e Azeite, mais azeite, pistache, castanha e avelã picados, também por inspiração desta irmãzinha nipo adotada vida afora. Dá gosto de ver neguinho repetir, assim como dava vontade de rodar a baiana quando a filha do "figura" torcia o nariz - só assim entendi o quanto "ispizinhei" minha mãe fazendo greve de fome na infância.
Fiz ainda minha sobremesa favorita: cupuaçu batido com avelã e alfarroba do Mundo Verde (este potinho é uma baita facada, ainda preciso comprar a soja com avelã da Coop, mas cozinhando tem me dado uma saudade do carro, pois é a maior peregrinação atrás de trocentos ingredientes diferentes em vários mercados de diversos lugares). Só na motoca... Amigo com todas as luzes do arco íris, captou o convite? Haha
Pensa que acabou? Fiz unha, banho de creme, depilei a perna, lavei a roupa e na véspera dei uma geral na casa, abrindo espaços em mim também. A gente faxina o apê e a alma. Dá uma organizada na "esbórnia mental". E esta fase rosa tem feito a bruxinha e a fada madrinha fazerem as pazes dentro de mim. Sem resvalar nos amores - antigos e aparentemente recém despertos. Se baixar uma "nhaca", ao invés de dizer para sair deste corpo que não pertence a ela, eu, se fosse você, ia para as terapêuticas panelas. Para ansiosas é um santo remédio: tem que por a mão na massa o tempo inteirinho, não sobra tempo de estressar pq dependemos de retornos de terceiros que nos dão aquela canseira na comunicação e arte. Na cozinha não: é tudo tempo real!

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