sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Exercício de compaixão e paciência natalino

E na véspera do aniversário do "filho do hômi" eu passei sete horas na cozinha. Já entendi o cansaço sobrehumano das mães na hora da ceia. Antes dos meus pais me buscarem capotei no colchonete de massagem que minha amiga esqueceu aberto na sala e só não ronquei pois atendi ao "chamado" da sobremesa vegana "clamando" pela decoração do prato.
Foram três a dois na minha batalha contra o fogão desregulado: fiz um risto de arroz integral com vermelho, palmito, azeitona, berinjela, damasco, leite de coco, manjericão, ervas finas com limão, zathar, shoyo, alho frito, cebola picadinha, pimenta rosa, um pouco de gersal e quando ficou pronto ainda acrescentei azeite. Era para ser um arroz de forno, mas quando ele virou uma pasta, me rendi à consistência risoto. Está suave rs. Poucos na família experimentaram, quem testou reclamou, mas eles não têm abertura para conhecer e gostar de coisas novas, o negócio deles é como dizem os veganos do grupo do Face "comer uns aos outros quando a carne que consomem acabar". Minha irmã nipo nordestina reclamou da falta de sal, mas não me empolgo muito com ele, embora goste, pois li que se tiramos carne não podemos abusar, senão ele levará tudo que interessa ao corpo na urina.
As tentativas seguintes foram feijão azuki com abobrinha e todos os temperos que minha mãe não usava pois não curto feijão, como só pela falta da carne e este é o que menos me lembra comer na marra na infância. Também fiz uns cookies de resíduo de leite de amêndoas, farinha de coco, alfarroba e leite de soja condensado. Em cima do fogão começou a cheirar, mas estava estranhando que a panela de pressão nova da minha mãe não fazia barulho e poucos minutos que me distraí com ela no telefone, ao voltar tinha queimado nas extremidades, mas no centro não. Salvei as bolachinhas com geleia de jabuticaba e como estava sem almoço e com saudades do azuki, separei os ainda vermelhinhos dos tostados. Como diria o ex, trabalho de presidiário. Também salvei o feijão semi queimado com farofa de soja.
Inconformada com dois pratos desandados e no ambiente que me ensinou a metáfora da vida (na cozinha, se não vingou mil vezes, fazendos duas mil), passei para a carne de soja de forno com abobrinha, batatas, curry, coentro e molho pesto. Bem indiana. Os Mendonça acham forte demais, mas como peguei gosto na coisa com o Gopala, "mato saudades deste restaurante indiano à distância". E devo confessar que voltei praquela fase meio infantil de não gostar de comer, curto os temperos, eles disfarçam o resto.
Aos 45 do segundo tempo e já caindo pelas tabelas, fiz gelatina de agar agar com suco de uva e manga, decorada com tâmaras e adoçada com stevia. Ou este é mais leve que o açúcar mascavo recomendado online ou "colocar a olho" não funciona, pois tem gosto de "canto de mesa" e a consistência parece ter sido composta com areia da praia. Comível
Pela manhã fiz o leite de amêndoas com água fervente pois esqueci de deixar no molho, canela, meia colher de chá de gersal, essência de baulinha e um pouco de leite de coco. Orgástico! Pensando bem, na terça o placar foi 4 a 2 na cozinha...
Encontrei o bendito Mandiokeijo na zona cerealista. Na véspera eu e minha mana natureba de olhos rasgados fizemos pão integral com uma massinha semi pronta que ela trouxe, abrimos e recheamos com o "queijo genérico". Misericórdia! O negócio é tão bom que enquanto crescia fomos comendo com outro pão sem esquentar e a criação com ares de "calzone natureba" também não durou 48 horas. Se contar com esta empreitada foram 5 a 2 na cozinha. Iurú! Fogão desregulado que me boicota me aguarde no ano novo!