sábado, 2 de fevereiro de 2013

Bruxinha se entendendo com a alquimia culinária

No meio do café da manhã quis abrir a geladeira e pegar o insosso tofu. Tomei logo cedo um banho deste bloquinho neutro de soja. É que estava chegando uma inspiraçãozinha para inventar. Fui curtindo chegarem as ideias enquanto acabava com as bolachas e geléia de damasco. E elas assentaram: fui para o liquidificador e bati quatro tomates cereja com quatro colheres de sobremesa de tofu (sim, a consistência dele fora do congelador colaborou) e 11 pitadas de Sabor a Mi azeite e ervas, manjericão, ervas finas, zathar, salsa desitratada, flocos de alho, caldo de peixe, pimenta rosa (estou apaixonada por ela, apesar de nunca ter sido fã desta cor e nem de sabor apimentado demais, feito meu pai que comia o creme de milho boré da tia Rita no interior suando de tanto entupir com este tempero), cominho, pó do chai, alecrim (uma de cada, claro!), folha de louro e uma colher de sobremesa de manteiga clarificada indiana ghee. Bem, o resultado testando com a pazinha de madeira, que deve ser de patê, pois nunca a usei de outro jeito, foi forte do jeito que gosto. Me ressenti até da falta de pão, bolacha ou torrada para testar com "crec crec" na boca.
Ando bem inventiva estes dias. Quem diria, uma "usina de ideias" feito eu, como classifica meu tio, levei décadas para descobrir esta artesanal e exclusivista arte culinária. O mais engraçado é que depois de um semestre, os palpites tresloucados têm saído a contento. Já devo ter dito que não sou fã do gosto do café, acho que de amarga já basta a vida (com ele meu histórico é saudosista emocional mesmo, aproveito para matar as saudades do meu avô, que me levava na máquina de café do norte do Paraná, onde o cheiro do grão moído fazia uma dança no meu nariz com o aroma da terra vermelha molhada de lá... Suspiro e fecha aspas desta digressão). Então para quebrar o gosto mais que marcante dele, salpiquei chá solúvel de blueberry (só posso com chá assim, pois sou calorenta e não dou conta desta bebida fervendo nem no frio). Ficou uma quebra sutil: nem tão amargo e nem tão doce, parece que foi uma fusão equilibrada dos dois. Neste caso foi uma colher de chá da bebida em pó docinha, mais uma pitadinha para fazer pose para o blog. Não reparem que a unha não foi produzida e demonstra indícios de surto de ansiedade corporativa desta semana.
Estes dias também quis mirabolar um "furdunço" vegetariano: não tenho paciência de picar e cozinhar cada coisinha de uma vez, então já picotei e meti no panelão tudo junto: 1/4 de abobrinha grande, palmitos grossos, mas devidamente diminuídos na faca, azeitonas já fatiadas (aproveitei a água delas), cogumelos (gente, eu que sou 220 voltz tenho "amodorado" a meditação de fatiar tudo de uma maneira diferente), doze colheres de sopa de proteína de soja fina escura Nutrilev, mais doze de pó de purê Hikari (só que não coloco mais o leite e manteiga que pedem, pois para o meu intestino sensibilíssimo vira "um ataque em Pearl Harbor"), outras doze de cuscuz da Divella (aceito cuscuzeira de apoio culinário a este blog), um fio de shoyo, meia dúzia de gotas de mostarda, 11 pitadas de Sabor a Mi azeite e ervas, manjericão, ervas finas, zathar, salsa desitratada, flocos de alho, caldo de peixe, pimenta rosa, cominho, pó do chai numa "xícarazona" bem "criança feliz" de chá, pitada de alecrim (temos refeito as pazes devagar e sempre depois do trauma da sobremesa sabor detergente), folha de louro e uma colher de sobremesa de ghee. Confesso que pensei que teria companhia à mesa para tanto, mas o "freela fixo" (não temos vínculo empregatício, mas negociamos alguns benefícios trabalhistas e uma razoável continuidade nas parcerias) já chegou "jantado". Suspeito? "É o que temos para o almoço", como recomenda minha tia Regina "vamos falar de sapatinho" ou seguir o bom senso da ex marida Gabi "esse assunto não precisa ir até o final". Adotei uma nova maneira de fazer vingar as criações: depois de falar com meu estômago, meus personagens e o tempo ou São Pedro em trânsito, fiquei conversando com os ingredientes e bolei uma nova maneira de misturar, já que a tradicional não funcionaria, pois era coisa demais para panela de menos: "circulozinhos" menores, da periferia ao centro, com a colher de pau (por razões ininteligíveis, adoro ela). Mesmo assim batizei o fogão, recém limpo (só que estava tão gostoso que fui recolhendo experimentando e testando o modo dificultoso para mim "leve e devagar", a fim de não torrar os dedos nos pontos quentes do fogão: decolou!). Ao término rebatizei esta inventividade salgada de "Pandora veg", pois a cada mordida é uma surpresa, tem um pipocar de temperos novo, acredito que assim não enjoarei de ter feito quase o suficiente para "distribuir embaixo do Viaduto do Glicério".
"Hoje tem sobremesa? Tem, sim senhor"! Bati (santo liquidificador... será que com processador de alimentos facilita mais?) 600 gramas de pasta de cupuaçu com 2/3 do leite de soja imitando o condensado e colher de sopa do chá de blueberry (a fruta que é bom não conheço, mas como este solúvel da Hile tem feito milagres por aqui). É doce, mas mesmo para mim que não sou muito deste sabor, foi de "lamber os beiços". Metendo no congelador, vira um "sorvete natural". Estou com fome no meio do dia e vou assaltar a geladeira com esta "mistureba natureba". Trabalhar em casa tem sido uma "mãezona" para minha gastrite e sensibilidade a leite e derivados, já que não tem nenhum colega de trabalho abrindo e oferecendo "bobajitos" e estragando todo um esforço de reeducação alimentar. Conclusão em finzinho de semana "em profusão de talentos", como diria meu professor Herom: que dó de morar sozinha e não ter para quem virar e perguntar: ficou uma delícia não é?
Nota de rodapé: este post foi criado, revisado e editado com a trilha sonora Uma Outra Estação, do Legião Urbana: http://migre.me/d53nV. Há milênios não abria minha caixa de CDs dele, mas esta semana fiquei "aguada" de matar as saudades, depois de ouvir o amigo multicor contando quando foi ao show deles no Pacaembu e dormiu no caixa 24 horas (só filha única sufocada não tem estas histórias para contar aos netos?)

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